As Bacantes

SINOPSE

Em Tebas, são três as mulheres, Agave, filha de Cadmo, o fundador da cidade, e as suas irmãs – Ino e Autónoe – que levam para a montanha o côro das Bacantes, não sem antes terem recusado o Deus. Assim fala Diónisos no prólogo da peça: “Por isso eu as sacudi para fora das suas moradas, tomadas de delírio, e, de espírito enlouquecido habitam nas montanhas. E forcei-as a usar as minhas insígnias orgiásticas, e a toda a raça feminina dos Cádmios, a quantas mulheres havia, fi-las saír de casa desvairadas (…).” A presa caçada por Agave é o seu próprio filho, a quem ela, na sua loucura, arranca os membros. O filho, Penteu é também um rei que, tal como sua mãe, recusou reconhecer Diónisos como um Deus. De facto, na peça de Eurípides, as Bacantes são o instrumento da punição de Penteu. É através das mulheres que o deus se manifesta. A loucura Dionisíaca é acompanhada por uma espécie de inversão das actividades dos dois sexos e a respectiva aparência. Enquanto Penteu, depois de ter troçado da aparência feminina do deus, cegado por Diónisos, aceita disfarçar-se de bacante para espiar a mãe em plena montanha, as Bacantes, no seu frenesim, levam a melhor sobre os homens brandindo contra eles as insígnias de Diónisos.
O que está em questão através deste mito e por intermédio das mulheres é portanto a reversibilidade dos domínios e a permeabilidade de um em relação ao outro. A loucura Dionisíaca é um operador, não um fim em si mesmo.
O carácter selvagem, testemunhado pelos ritos – a corrida na montanha (a oribasia), o sacrifício do animal caçado e despedaçado ainda em vida (o diasparagmos) – exprimem apenas uma das facetas de Diónisos. Se é verdade que, para aqueles que recusam “ver” o deus, a experiência termina tragicamente, o seu reconhecimento, pelo contrário, traz consigo a alegria e a paz. E se tal experiência acontece de forma privilegiada com as mulheres, a sua revelação, ao fim e ao cabo, destina-se a todos


FICHA TÉCNICA E ARTÍSTICA

intérpretes DIÓNISOS JOÃO GROSSO | PENTEU ROGÉRIO SAMORA | CADMO E PRIMEIRO MENSAGEIRO ANTÓNIO RAMA | TIRÉSIAS E SEGUNDO MENSAGEIRO ANTONINO SOLMER | AGAVE CUCHA CARVALHEIRO | 1ª COREUTA CRISTINA CARVALHAL | 2ª COREUTA ÂNGELA PINTO | 3ª COREUTA  LUCINDA LOUREIRO | 4ª COREUTA ELSA GALVÃO | 
5ª COREUTA CUSTÓDIA GALLEGO | 6ª COREUTA TERESA FARIA | 7ª COREUTA INÊS NOGUEIRA 8ª COREUTA SÍLVIA MARTINHO (cantora) | 9ª COREUTA MARTA LAPA (bailarina) | 10ª COREUTA CLÁUDIA OLIVEIRA(bailarina) | 11ª COREUTA SUSANA BENTO (música) | 12ª COREUTA SÓNIA TOMÁS (música) | FIGURAÇÃO JOÃO GIL

versão livre sobre tradução de MARIA HELENA DA ROCHA PEREIRA
dramaturgia e encenação FERNANDA LAPA
cenário e figurinos JUAN SOUTULLO
música e direção musical JOÃO LUCAS
coreografia MARTA LAPA
desenho de luz ORLANDO WORM
máscaras e adereços escultóricos CARLOS MATOS
assistência de encenação ISABEL MEDINA
assessoria linguística HÉLIA CORREIA
assistência de cenografia e direção de montagem RUI PEDRO PINTO
assistência de desenho de luz DANIEL WORM
execução do guarda-roupa MARIA GONZAGA
maquilhagens especiais GUILHERMINA SEABRA
assistência de adereços MARINEL MATOS | NUNO GABRIEL MELO | GONÇALO CABAÇA | MANUEL MADRUGA
engenheiro de som JORGE GONÇALVES
fotografia JOSÉ FABIÃO
montagem MANUEL PEREIRA | MIGUEL VERDADES | DANIEL VERDADES | AMADEU CAMPOS | SANDRA CASACA | FERNANDA BAPTISTA
direção de produção CONCEIÇÃO CABRITA
secretária de produção AIDA SOUTULLO
produção ACARTE | ESCOLA DE MULHERES

Anfiteatro ao ar livre FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN
Estreia absoluta em Portugal nos Encontros ACARTE
12 a 21 de setembro, 1995